Tiradentes e a Inconfidência Mineira
Quem foi Tiradentes?
“Tiradentes”, foi o apelido recebido por Joaquim José da Silva Xavier, um dos líderes da Inconfidência Mineira e o único, entre os inconfidentes, a receber a pena de morte, pela forca.
Nascido no ano de 1746, na então Capitania de Minas Gerais, durante o Brasil Colonial, Joaquim José desempenhou várias profissões. Entre elas, a de dentista amador, daí o apelido de Tiradentes. Além de dentista, Tiradentes também trabalhou como tropeiro (condutor de tropas de animais, transportadoras de mercadorias), minerador e mascate (mercador ambulante). No entanto, a única profissão que lhe rendeu estabilidade foi o posto de alferes da cavalaria de Dragões Reais de Minas, a força militar atuante na Capitania de Minas Gerais e subordinada à Coroa Portuguesa
O quinto, a derrama
O principal motivo que o animava e aos outros envolvidos na Inconfidência a se levantarem contra o Império Português era a constante retirada das riquezas da região por meio de impostos excessivos. Do ouro produzido na Capitania de Minas Gerais, a Coroa Portuguesa cobrava o chamado quinto, isto é, o equivalente a cerca de 20% do total extraído. Ocorreu que, a partir da década de 1760, a extração de ouro regrediu consideravelmente, mas não o valor do imposto. A taxa do quinto continuou a ser exigida dos mineradores locais, e o governador Visconde de Barbacena, para fazer valer a lei, chegava até a impor agressões físicas.
A Inconfidência
Ameaçada de uma derrama violenta, os inconfidentes, entre eles, o tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrade, os poetas Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga e Alvarenga Peixoto e Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, marcaram um levante para a ocasião da derrama de 1789. Porém, antes que a conspiração se transformasse em revolução, ela foi delatada ao governador Visconde de Barbacena por Joaquim Silvério dos Reis, que assim propiciou a descoberta da trama e a prisão de todos os envolvidos.
Prisão, morte e heroificação
Na manhã de sábado, 21 de abril de 1792, Tiradentes percorreu em procissão as ruas do centro da cidade do Rio de Janeiro, no trajeto entre a cadeia pública e onde fora armado o patíbulo. O governo geral tratou de transformar aquela numa demonstração de força da coroa portuguesa, fazendo verdadeira encenação. A leitura da sentença estendeu-se por dezoito horas, após a qual houve discursos de aclamação à rainha, e o cortejo munido de verdadeira fanfarra e composta por toda a tropa local. Estudiosos apontam toda essa humilhação como uma das possíveis causas para a preservação da memória de Tiradentes, pois todo esse espetáculo acabou por despertar a ira da população que presenciou o evento, quando a intenção era, ao contrário, intimidar a população para que não houvesse novas revoltas.
Executado e esquartejado, com seu sangue se lavrou a certidão de que estava cumprida a sentença, tendo sido declarados infames a sua memória e os seus descendentes. Sua cabeça foi erguida em um poste em Vila Rica, tendo sido rapidamente cooptada e nunca mais localizada; os demais restos mortais foram distribuídos ao longo do Caminho Novo: Santana de Cebolas (atual Inconfidência, distrito de Paraíba do Sul), Varginha do Lourenço, Barbacena e Queluz (antiga Carijós, atual Conselheiro Lafaiete), lugares onde fizera seus discursos revolucionários. Arrasaram a casa em que morava, jogando-se sal ao terreno para que nada lá germinasse.
Ícone da Liberdade
Vale notar que, tanto no período imperial quanto no período republicano, a imagem de Tiradentes passou a ser tomada como um ícone da liberdade e da independência do Brasil, como um herói da nação. No ano de 1965, já na primeira fase do Regime Militar no Brasil, o marechal Castelo Branco, então presidente da República, contribuiu para o reforço dessa imagem de Tiradentes, sancionando a Lei Nº 4. 897, de 9 de dezembro, que instituía o dia 21 de abril como feriado nacional e Tiradentes como, oficialmente, Patrono da Nação Brasileira.
Fontes:
-Wikipédia
-historiadomundo.com.br